Igreja Misericórdia

Em "Portugal Monumental" acerca da Igreja da Misericórdia, lê-se apenas o seguinte: "as sucesivas alterações sofridas por esta Igreja tiraram-lhe a unidade estilística. Originariamente o monumento apresentaria formas maneiristas, dado que a Confraria da Misericórdia de Arcos de Valdevez se criou em 1595. Em 1710, porém o templo experimentou uma total remodelação".

igrejaPelos documentos sabemos que a construção deve ter começado já em 1595 ou pouco depois, porque o primeiro cadáver aí foi sepultado em 29-06-1597 e diz-se "na Igreja nova". Talvez ainda em construção num terreno adquirido a Francisco Anes, o Carrapiço e sua mulher, localizado na parte de trás da Capela da Misericórdia, onde já funcionava o albergue e o primeiro hospital.

O terreno tinha um pardieiro e um curral e custou 50.000 mil réis e rendia 25 alqueires de pão meado.

E quando se fez a primeira eleição para a Mesa Administrativa em 02-07-1597, diz-se que a Igreja ainda está em construção "com pedra vinda de Requeijo". Em 13 de Junho de 1597 o Abade de S. Paio, Amador da Costa, certifica que o templo está decente para nele celebrar missa. A licença foi concedida pelo Arcebispo de Braga, Frei Agostinho de Jesus, em 15-07-1597, mas a primeira Missa foi celebrada antes em 2 de Julho, dia da Visitação de Nossa Senhora.

Havia muito entusiasmo pela Santa Casa e os Provedores davam o exemplo: em 1625 o Provedor Belchior Aranha de Brito mandou fazer o retábulo novo, pintar o painel e grade; em 1627 o Abade de Proselo deu para a Igreja 12.000 reis; em 1634 o Provedor António de Magalhães doou o azulejo no valor de 90.000 reis e composto por 960 peças; em 1644 o Provedor Francisco Araújo Vasconcelos mandou fazer o coro e grades e fazer na parede do coro um cofre com três chaves; em 1646, o Provedor Abade de Souto, Gaspar Barbosa de Araújo deu 40.000 reis para o pálio.

Em 1710 (115 anos depois) fez-se a reconstrução da frontaria (frontispício) da sacristia que ameaçava ruínas e em 1773 fez-se o projecto para a nova frente da Igreja (frontispício) que foi executado em 1734, com diversas modificações ficando o edifício com decoração barroca. O nicho de N.ª S.ª da Porta, ficou colocado "num pequeno retábulo de talha joanina" e sobre a varanda do altar colocaram o brasão das armas de Portugal.

Lê-se ainda no livro de contas que em 1781 resolveram substituir a tribuna antiga por uma nova, mas só em 1784 é que foi aprovado o risco e entregue a obra e em 1791 forrou-se o corpo da Igreja. Em 1747 fala-se no douramento das sanefas e pintura do tecto e da tribuna.

Em 1797 fez-se novo altar de Nossa Senhora da Humildade, obra entregue a Álvaro José Pereira de Faria, da cidade de Braga e por escritura feita no notário dos Arcos, Bento Luis Pereira Dias em 14 de Março 1797. O documento original encontra-se no Arquivo Distrital de Viana do Castelo. Foram ortorgantes: 1, Álvaro José Pereira de Faria, mestre escultor da cidade de Braga, representado na escritura pelo bastante Procurador Padre Bartolomeu de Araújo Correia, da freguesia de Giela. A escritura tem a data de 11/03/1797; 2, Luis António Pereira, da Praça da Vila dos Arcos, procurador neste acto do Provedor e Irmãos da Santa Casa da Misericórdia dos Arcos. A obra foi justa por 100 mil réis, em três pagamentos.


 

igreja1E em 1798 comprou-se a imagem de Nossa Senhora das Dores. Um dos altares laterais do corpo da Igreja, é dedicado a S. António. E “foi feito a expensas de João Bento de Barros e mulher D. Joana Teresa de Costa Lima, residentes em Lisboa, no ano de 1813, em cumprimento d’um voto que fizeram se os franceses fossem expulsos de Lisboa sem porem aquela cidade a saque”.

O Decreto 2/96 de 6 de Março, classifica de "Interesse Público a Igreja da Misericórdia de Arcos de Valdevez, incluindo a biblioteca e o cruzeiro junto à fachada sul no Largo Conselheiro Pinto Osório, na Rua Vaz Guedes e na Rua Amorim Soares, Arcos de Valdevez, da freguesia de Arcos de Valdevez (S. Paio)".

Em 2004 a Igreja foi encerrada ao público porque precisava de grandes e urgentes obras de conservação. Com intervenção do IPPAR as obras realizaram-se de 2006 a 2008.

Em 09/08/2008, com a presença do Presidente da Direcção da União das Misericórdias, do Presidente da Assembeia Geral, de todos os membros da direcção da Santa Casa, dos Presidentes de Junta das freguesias do concelho, do Arcipreste e representantes de todas as Santas Casas do Distrito de Viana, foi a Igreja aberta ao público depois de uma sessão solene, finda a qual foi celebrada a Santa Missa. 

imagensigreja

Cronograma

1595 – Criação da Santa Casa da Misericórdia dos Arcos de Valdevez;
1595 – Compra do terreno no lugar do Cruzeiro a Francisco Anes, o Carrapiço
Junho de 1596 – a construção já ia adiantada, encontrando-se o edifício, em parte, já forrado e telhado, com os seus altares construídos, e aguardando a autorização do arcebispo de Braga, para começarem a oficiar;
2 de Julho de 1597 – Reza-se a primeira missa na Igreja da Misericórdia; 
1614 – Inicia-se a construção da Capela da Humildade; 
2 de Julho de 1622 – Reza-se a primeira missa na Capela da Humildade; 
1625 – O Provedor Belchior Aranha de Brito mandou fazer o retábulo novo, pintar o painel do altar grande e as suas grades;
1634 – O provedor António de Magalhães doou um azulejo composto por 960 peças, cujo valor foi de cerca de 190 mil reis. No ano seguinte mandou, à sua custa, colocar o chão de madeira na igreja;
1639 – O Provedor Paio da Rocha doou 40 mil reis para pintar o tecto da igreja;
1639 – Mandou-se fazer um anteparo para a porta principal, o sobrado do coro, os “taburnos dos altares”, dourar o arco, púlpito e “frestas”; 
1644 – O Provedor Francisco de Araújo Vasconcelos mandou fazer o coro e grades; 
1644 – Inicia-se a obra do órgão;
1733 – Fez-se a grande obra de remodelação; 
1734 - Obra do frontespicío e pórtico para a sacristia; 
1735 – Constrói-se no pórtico da Igreja a Capela de Nossa Senhora da Porta com altar para se celebrar missa; 
1742 – Mandou-se lajear o adro;
1747 – Mandou-se arranjar o forro do tecto da capela-mor; 
1748 – O Papa Pio VI concedeu indulgências aos fiéis que assistissem às missas nesta Igreja; 
1748 – Faz-se o novo órgão;
1751 – Mandou-se fazer um cruzeiro novo em frente à igreja, no local em que estava o antigo; 
1757 – Mandou-se realizar a talha de dois retábulos para os altares colaterais, para substituir as tábuas pintadas que lá estavam e fazer um escano em substituição do velho; 
1765 – É feita nova reforma ao órgão; 
1761 – Devido aos estragos do terramoto, fizeram-se obras no “outão”, porque ameaçava ruir;
1772 – O Papa Clemente XIV torna o altar da Capela da Humildade privilegiado perpetuamente; 
1772 – Mandou-se dourar os dois retábulos dos altares colaterais;
1786 – Mandou-se fazer uma tribuna nova no altar-mor de “figura moderna”;
1821 – Obra da bacia do órgão e da varanda do coro; 
1854 – O cruzeiro é transferido para o cemitério;
1995 – Começo das obras de restauro;
2005 – Começo da última fase intervenção de restauro;
2008 – Reabertura da Igreja da Misericórdia.

Santa Casa da Misericórdia

de Arcos de Valdevez

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